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Hollywood: pela cruz é que vamos!

08.03.18 | Fátima Pinheiro

 

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A recente edição dos óscares levou-nos de novo ao espírito que há 90 anos move Hollywood. Para quem estima a 7ªarte é muito bom. Também pode ser apenas para alguns entretenimento, glamour. Quero notar hoje que há dois anos o sonho tem sido um dos temas mais focados, com La la land e este ano com o que Guillerme del Toro afirmou ao receber o óscar para o melhor realizador e melhor filme, dedicando-o em parte para ser estímulo ao sonho dos jovens. Os seus filmes são encarnações de "sonhos", de facto. Mas o deste ano vai mais longe.
Sonhar, os sonhos, sempre estiveram presentes em grandes filmes. O nosso Manoel de Oliveira dá-nos uma bela amostra em “ O Estranho caso de Angélica”. E sonhar é até fácil. O filme deste ano, “A forma da água”, quer mostrar que se pode romper a rotina. A protagonista é-nos apresentada na sua rotina. Do trabalho para casa e de casa para o trabalho, com todos os pormenores. E del Toro faz muito bem em mostrar o que a rotina tem de desumano – sim, porque há um lado bom da rotina-, em mostrar que o “menos” não nos corresponde, não nos satisfaz. Tanto assim é que ela, porque atenta, abre-se ao diferente, neste caso a um humanóide. Apaixonam-se e ficarão juntos para sempre. O sonho realizou-se. Mas Hollywood sonha poucachinho A minha vida sonha mas eu não vou ao engano porque sei que não é assim. Hollywood deixa-me pendurada. Eu vou pela realidade, não pelo sonho. Eu vou na forma da Cruz. Eu não sou artífice da História da Salvação.
Neste ponto importa realçar que na sua inocência a água de Del Toro foi escolhida a dedo. A sua costela sul americana está bem presente, e sabemos o que a água significa. Símbolo de vida, de renovação, de novas formas. Mircea Eliade puro e duro. O sonho de Platão vai contudo ao cerne, mais longe. Põe a hipótese de uma Revelação do absolutamente outro: Deus, o mais transcendente dos transcendentes poder encarnar e contar-nos tudo. Aconteceu? Há 2000 anos sim e permanece. De forma inimaginável. Na barriginha de uma mulher de 15 anos (aqui é que está o dia da mulher). A água passa a ter outra forma, no Baptismo do Jordão e no de cada um. Não é sonho, é realidade. Quem não experimenta o que é ser uma nova criatura não sabe o que perde. Quem tem interesse dá o Primeiro passo de ir saber se aconteceu ou não. A resposta é dada a cada um. Não há aqui respostas colectivas. Como no filme que tenho no horizonte. Bom esforço, grande talento, Guillerme. Mas espero ainda por outro filme teu. Aquele em que a realidade do sonho dos sonhos rasgue as fronteiras do imaginável. E mostre não mostrando. O essencial é invisível, embora de carne.
 
Exortai-vos cada dia uns aos outros, até ao dia que se chama «Hoje» (Hebr 3, 13). Exortai-vos cada dia uns aos outros, até ao dia que se chama «Hoje» (Hebr 3, 13).